O Infarmed aprovou mais dois fármacos à base de canábis medicinal, tendo um deles um particular impacto na vida de quem vive com dor crónica.
“Quanto mais preparações de canábis medicinal, com diferentes vias de administração e de canabinoides, melhor é para os doentes.” É desta forma que Carla Dias, presidente do Observatório Português de Canábis Medicinal (OPCM), reage à notícia da aprovação de mais dois fármacos.
Após vários anos sem haver avanços significativos, atualmente, Portugal conta já com seis preparações e soluções aprovadas. Estas duas últimas entrarão, em breve, em comercialização e serão disponibilizadas nas farmácias, mediante prescrição médica.
Uma das preparações permitirá, inclusive, chegar a um grupo de doentes que até agora não estava abrangido. “Será principalmente importante para quem sofre de dor crónica, que poderá ter agora um novo tratamento THC, que conjuntamente com CBD, vai permitir a titulação”, indica a responsável.
Como acrescenta: “Existe evidência de que um pouco de CBD potencia a ação do THC, logo não se terá de administrar THC em doses elevadas – por causa de alguns efeitos secundários. Desta forma, vamos chegar a mais doentes, porque a formulação não é fixa.”
Recorde-se que, até março, havia no mercado apenas um medicamento à base de canábis, tendo sido, nesse mesmo mês, aprovadas três novas soluções e preparações. A utilização de canábis para fins medicinais é autorizada em Portugal desde 2019, mas foi apenas em 2021 que o primeiro medicamento foi validado.
Até ao momento, este tipo de tratamento apenas está previsto para casos de espasticidade associada à esclerose múltipla ou lesões da espinal medula; náuseas, vómitos (resultante da quimioterapia, radioterapia e terapia combinada de HIV e medicação para hepatite C); estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes sujeitos a tratamentos oncológicos ou com SIDA; dor crónica (associada a doenças oncológicas ou ao sistema nervoso, como dor neuropática causada por lesão de um nervo, dor do membro fantasma, nevralgia do trigémio ou após herpes zóster); síndrome de Gilles de la Tourette; epilepsia e tratamento de transtornos convulsivos graves na infância, tais como as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut; e glaucoma resistente à terapêutica.
De futuro, Carla Dias espera continuar a ver desenvolvimentos nesta área terapêutica, defendo também a comparticipação dos tratamentos. “É sempre o melhor caminho, quer do ponto de vista financeiro quer da segurança”, realça.
___________________________________________________________________________________________________
Fonte: Saúde Online
Artigo Original: Clique Aqui