Observatório de Canábis Medicinal está a reunir verbas para dar formação a médicos

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O Observatório Português de Canábis Medicinal está a reunir verbas para dar formação aos médicos sobre a prescrição de medicamentos, preparações e substâncias à base desta planta.

Segundo a responsável, todos os dias chegam ao observatório queixas de doentes a relatar, entre outras situações, que há profissionais de saúde que continuam a dizer que “a canábis é uma droga”

O Observatório Português de Canábis Medicinal (OPCM) está a reunir verbas para dar formação aos médicos sobre a prescrição de medicamentos, preparações e substâncias à base desta planta, apesar de esta estar prevista na lei.

“Existe uma lei, existe uma regulamentação, existe uma lista de patologias do Infarmed e os médicos continuam a recusar-se a ajudar os pacientes porque dizem que não há produto na farmácia”, disse a presidente do observatório, Carla Dias, que falava à agência Lusa a propósito dos seis meses da entrada em vigor da lei que regulamenta a canábis medicinal.

Para Carla Dias, é fundamental os médicos terem formação para ajudar os doentes que melhoram com o óleo de canabidiol (CBD), um dos componentes da canábis.

“Há pessoas em cuidados paliativos e crianças que estão a melhorar com CBD sem ajuda médica. [Por isso], eu acho que é muito importante os médicos terem formação e não andarem a dizer às pessoas, coisas como nós ouvimos no observatório todos os dias”, contou.

Segundo a responsável, todos os dias chegam ao observatório queixas de doentes a relatar, entre outras situações, que há profissionais de saúde que continuam a dizer que “a canábis é uma droga”.

Carla Dias contou que “na semana passada foi dito num hospital português a uma mãe que os pais na altura em que eram novos não fumaram as ‘ganzas’ e agora querem dar aos filhos. Isto não se diz a um paciente porque está comprovado que tem indicações terapêuticas”.

“Ninguém dá droga aos filhos, eu não dou droga à minha filha”, lamentou Carla Dias, que é mãe de uma menina de dois anos com epilepsia refratária cujo estado de saúde “melhorou substancialmente” com o uso de óleo de canábis.

“Os portugueses já não olham para a canábis como uma droga e os profissionais de saúde que deviam ser os primeiros admitir as propriedades terapêuticas dizem isto aos pacientes. Isto é inacreditável”, vincou.

Para inverter esta situação, o OPCM está a angariar verbas para dar formação aos profissionais de saúde.

Segundo a responsável, esta formação vai ser dada por profissionais, investigadores, médicos internacionais que participaram em ensaios clínicos, em estudos e que têm muita experiência na prescrição do óleo de canábis medicinal.

“O primeiro momento de formação” vai ser na conferência Portugal Medical Cannabis 2019, que decorrerá em Lisboa em 08 e 09 de novembro e no Porto nos dias 22 e 23 do mesmo mês.

O observatório está também a reunir um grupo de profissionais de saúde para realizar ‘workshops’ em “locais chave”, principalmente no Porto, Lisboa e Coimbra.

Até ao final do ano, o OPCM pretende criar bolsas de investigação para os investigadores que estiverem interessados em fazer investigação sobre a planta canábis.

Para isso, está a construir uma base de dados de pacientes. “É muito importante que os pacientes vão ao nosso ‘site’ [www.OPCM.pt] e preencham o formulário”, que é confidencial, para informarem se estão a utilizar ou não canábis e para que patologia.

“Nós queremos saber que temos x pessoas a tomar para estas patologias e ter o seu contacto para as podermos contactar e serem ajudadas por médicos” quando “as bolsas de investigação estiverem a funcionar em pleno”.

O objetivo é que, através destas bolsas de investigação, sejam estabelecidas parcerias com hospitais e universidades, sublinhou.

Fonte: Lusa