Associação defende canábis para mais fins medicinais

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O novo Observatório Português de Canábis Medicinal (OPCM), que será hoje formalmente constituído, alerta que o óleo de canabidiol foi retirado do mercado após a aprovação da lei da canábis medicinal, obrigando doentes a recorrerem “ao mercado negro” para obter esta substância. Com a criação desta associação inicia-se, “formal e legalmente, um caminho” para “garantir que os direitos dos utilizadores deste medicamento e de substâncias à base da planta para fins medicinais são acautelados”, intervindo junto das “entidades competentes para que assim seja”, disse Carla Dias, presidente do OPCM.

Filha de Carla Dias recebe tratamento com canabidiol

Carla Dias é mãe de uma menina de dois anos com uma epilepsia refratária que viu o seu estado de saúde “melhorar substancialmente” com o óleo de canabidiol (CBD), um dos componentes da canábis.

Em declarações à agência Lusa, Carla Dias contou que tem recebido muitos contactos de doentes que pretendem experimentar o CBD, mas não têm qualquer tipo de acompanhamento. Contudo, desde que a lei do uso da canábis medicinal foi publicada em janeiro, os doentes começaram a deparar se com “problemas gravíssimos” no acesso ao óleo, que inicialmente era considerado um suplemento alimentar e estava à venda em Portugal, mas que deixou de estar quando passou a ser considerado um medicamento e ter de passar a ser vendido nas farmácias. “Havia pessoas que já estavam a fazer o tratamento”, usando o óleo para tratar a epilepsia ou para aliviar os sintomas da esclerose múltipla ou da quimioterapia, e tiveram que o interromper, referiu.

“O Infarmed regulamentou, e ficou tudo muito legal e claro, mas as pessoas deixaram de ter acesso”, enquanto não há autorizações de colocação no mercado para as empresas poderem disponibilizar o óleo em Portugal, adiantou.

Aquisição na internet não é fidedigna

Carla Dias contou que há doentes que compram o óleo pela internet. Às vezes chega-lhes a casa, outras vezes fica preso na alfândega e “as pessoas recorrem ao mercado negro”. “Estão a permitir que as pessoas que compravam nas ervanárias comprem no mercado negro, estão a permitir a ilegalidade”, frisou, alertando para os riscos de parar o tratamento: “A minha filha não pode deixar de tomar o óleo. Se isso acontecer, volta a ter as crises que tinha anteriormente”. “Portugal andou para a frente numa lei e agora andamos para trás”, considerou, salientando que este óleo é considerado “uma substância segura” pela OMS. A associação diz ter conhecimento de empresas que estão a tentar pedir a autorização de colocação no mercado, mas “há entraves burocráticos do Infarmed” que estão a travar o processo.

Fonte: Diário as Beiras

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